SAÚDE INDÍGENA: Programa de Prevenção e de Redução de Danos para os Povos Indígenas de Pernambuco

SAÚDE INDÍGENA: Programa de Prevenção e de Redução de Danos para os Povos Indígenas de Pernambuco

SAÚDE INDÍGENA: Programa de Prevenção e de Redução de Danos para os Povos Indígenas de Pernambuco

Por Isis Lima
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Capacitação sobre consumo de álcool e outras drogas; redução de danos; sexualidade e comportamento de risco para a população indígena

UM POUCO SOBRE O PROGRAMA

Sempre que se discutem temas relacionados ao consumo de álcool e drogas acaba por se chegar a um ponto comum: a melhor forma de trabalhar sobre o fenômeno das drogas é prevenir e reduzir os riscos e danos. Foi pensando nisso que o Imip / Coordenação de Saúde Indígena, juntamente com o DSEI/PE, elaboraram um Programa a ser implantado e desenvolvido junto às comunidades indígenas de Pernambuco, considerando os problemas crescentes e relacionados ao consumo prejudicial de álcool e drogas nas aldeias, envolvendo, especialmente, as populações mais jovens.

O Programa de Prevenção e de Redução de Danos foi pensado, então, com o objetivo contribuir para a melhoria da qualidade de vida dessas populações, reduzindo os riscos e danos decorrentes do consumo de álcool e outras drogas.

Dividido por etapas, teve em sua fase inicial a realização de oficinas para sensibilizar e capacitar profissionais das Equipes Multidisciplinares de Saúde, professores, lideranças indígenas e, também, alguns jovens, sobre temas importantes a serem abordados nas comunidades. Além disso, promover a criação de intervenções possíveis de serem desenvolvidas nas unidades de saúde, escolas e outros espaços de convivência das aldeias.

SOBRE AS CAPACITAÇÕES 

COMO E ONDE ACONTECEU?

Promovido pela Coordenação de Saúde Indígena e pelo DISEI/PE, o processo de capacitação teve início no mês de maio de 2018 e culminou em dezembro de 2019, envolvendo quatro etnias do estado de Pernambuco: Xucuru, Pankararu, Truká e Atikum. Dividida em dois módulos, teve como objetivo principal promover conhecimentos acerca de temas como drogas, redução de danos, comportamentos de risco e formas de prevenção, mas também, capacitar as pessoas participantes como multiplicadoras desses conhecimentos em suas comunidades. Para que isso fosse alcançado, as oficinas cumpriram outros objetivos específicos como:

  • Conhecer e dialogar sobre os fatores que favorecem o uso prejudicial de álcool e outras drogas pelos povos indígenas.
  • Gerar informações úteis sobre juventude, sexualidade e consumo de álcool, crack e outras drogas e suas vulnerabilidades.
  • Incentivar o trabalho integrado entre os profissionais e as comunidades indígenas.
  • Colaborar para a minimização dos riscos para acidentes, violências, abuso sexual, exploração sexual decorrentes do consumo de álcool e outras drogas.
  • Elaborar materiais didáticos e informativos de acordo com realidade local.
  • Gerar subsídios para uma atuação profissional comprometida com o respeito aos direitos humanos e à diversidade;

METODOLOGIA UTILIZADA

Com duração de 48H (24H cada módulo), as oficinas utilizaram uma metodologia que partiu da “problematização” da realidade e das vivências relacionadas aos temas abordados nas comunidades. Atividades lúdicas, com a utilização de recursos audiovisuais, o fomento ao pensamento crítico e o incentivo à construção coletiva, promoveram a interação e a intensa participação dos grupos.

CONTEÚDOS / TEMAS ABORDADOS

Módulo 1: visão antropológica do uso de drogas (sociedade em geral e população indígena); conceito de drogas; classificação e efeitos dos diversos tipos de drogas; classificação das pessoas que consomem drogas e informações sobre o que é dependência.

Módulo 2: políticas de drogas e a estratégia de Redução de Danos; sexualidade (conceitos e construção social); informações sobre HIV/Aids e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis; vulnerabilidades (conceitos e situações), comportamentos de risco e formas de prevenção.

PÚBLICO PARTICIPANTE

Participaram dessa formação, profissionais indígenas de saúde, educação e assistência, bem como lideranças e algumas pessoas das comunidades, em especial, os jovens. contamos com a participação de cerca de 120 pessoas (aproximadamente 30 participantes por etnia).

RESULTADOS

O resultado mais esperado era que as comunidades indígenas pudessem estar melhor informadas e preparadas para lidar com temas relevantes e, por vezes, cercados de muitos tabus. Além disso, que os indígenas participantes criassem e desenvolvessem, junto aos seus pares, atividades de prevenção em relação ao consumo de álcool e outras drogas.

 Todo o material trabalhado nas oficinas (dinâmicas, músicas e textos) foi disponibilizado aos participantes, para que pudessem reproduzir ou mesmo, criar novas atividades nas escolas, unidades de saúde e outros espaços sociais nas suas aldeias.

Nos encontros finais, foram apresentadas algumas dessas intervenções educativas criadas pelos grupos e que foram desenvolvidas nas comunidades, como por exemplo:

  • campanhas informativas sobre o consumo de álcool e comportamentos de risco para acidentes no trânsito, junto aos motociclistas;
  • gincanas de conhecimentos nas escolas, com a participação de pais e mães;
  • realização de encontros e palestras nas Unidades de Saúde; entre outras.

As capacitações e, consequentemente, a implementação do Programa foram interrompidos em Pernambuco, devido à pandemia vivida nos anos subsequentes.

O propósito do IMIP/Coordenação de Saúde Indígena é dar continuidade a esse processo, retornando às comunidades onde as fases inicias aconteceram. É, também propósito, ampliar o alcance dessa ação com a implantação do Programa de Prevenção e de Redução de Danos para os Povos Indígenas, junto aos demais DSEIs da região Nordeste.

PESQUISA “SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA ENTRE OS POVOS INDÍGENAS”

Durante aproximadamente dois anos, uma equipe multidisciplinar esteve em diferentes localidades, entrevistando indígenas de diferentes etnias sobre aspectos diversos da vida cotidiana. Esses dados subsidiaram a elaboração de um rico relatório, que consegue de forma bastante ampla, agregar conhecimentos fundamentais sobre a cultura e os modos de vida dessa população.

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