Patrono da Saúde Pernambucana No dia 12 de junho de 2020, o Professor Fernando Figueira foi decretado Patrono da Saúde Pernambucana, sob a Lei Nº 16.910

Diplomado em 1940 pela Faculdade de Medicina do Recife, o professor Fernando Figueira iniciou sua vida profissional como clínico geral em Quebrangulo, interior de Alagoas. Em 48, foi médico do Hospital das Clínicas e Assistente da Cadeira de Clínica Pediátrica na Universidade de São Paulo (USP). Após nove anos, voltou ao Recife obtendo com distinção a Livre Docência.

Nos anos seguintes, adquiriu experiência profissional como Professor Visitante nos Estados Unidos, México e Paris. Através de concurso, assumiu a Cátedra da disciplina de Pediatria da UFPE em 1960 e em seguida o cargo de Professor Titular da Faculdade de Ciências Médicas. Na área científica, o professor Fernando Figueira publicou 6 livros e mais de 100 trabalhos, e foi Secretário de Saúde no governo de Eraldo Gueiros.

Falecido no dia 1º de abril de 2003, aos 84 anos, o Prof. Fernando Figueira deixa como herança um dos maiores legados da medicina brasileira e uma lição de vida dedicada aos princípios da solidariedade, fraternidade e respeito aos mais carentes, assim como uma imensa dedicação ao ensino e à produção científica.

Honrarias e Pensamentos

Recebeu diversos prêmios, condecorações e homenagens durante sua brilhante carreira, sempre voltada à medicina social. Entre as condecorações, destacam-se Medalha Nacional da Ordem do Mérito Médico, grau oficial, Medalha do Mérito do Estado de Pernambuco, Medalha do Mérito do Estado de Pernambuco, classe ouro, Medalha do Mérito do Município do Recife, Medalha do Mérito do IMIP, classe ouro, Medalha Frei Caneca, da Academia Pernambucana de Letras, Medalha São Lucas, da Sociedade de Medicina de Pernambuco, Medalha Ordem do Mérito dos Guararapes, Grau Grão- Mestre , do governo do Estado de Pernambuco, Comendador da Ordem de Malta.

Ao longo de sua trajetória, o trabalho desenvolvido pelo professor lhe rendeu diversas homenagens: Foi Cidadão Honorário de Alagoas pelos serviços prestados à medicina brasileira e àquela região, Cidadão de Quebrangulo – Alagoas, Cidadão Honorário da Paraíba e Comendador da Ordem de Malta, sendo o terceiro brasileiro a receber tal Comenda. O Governo de São Paulo o homenageou pelo seu trabalho na área de Aleitamento Materno, na inauguração do primeiro Centro de Incentivo ao Aleitamento Materno  – Centro Fernando Figueira – no Hospital dos Servidores Públicos do Estado de São Paulo.

Pensamentos

“Conscientemente ou não, o homem somente se realiza plenamente, quando se esquece de sua individualidade, se eleva e se projeta como parte integrante do imenso corpo social ao qual pertence.”

“Um poeta saberia descobrir, talvez, o mistério que dizem os olhos de uma mãe desprovida dos mínimos recursos para salvar o filho doente. Eu, neles, vejo, apenas, um grito de acusação.”

“Enquanto houver, em minha terra, uma criança ameaçada de perder o que ela tem de mais sagrado – a sua própria vida – haveis de encontrar em mim, um homem torturado.”

“Uma criança doente é um desafio. para devolver-lhe a saúde ou suprir as deficiências de uma vida gerada na fome e no desespero dos que perderam a consciência do amanhã, é preciso saber utilizar a ciência pelos caminhos mais lúcidos que só o amor pode inspirar.”

“Há uma certeza em minha vida tão cheia de dúvidas e inquietações: a de que a força do mundo está na criança.”

“O exercício da medicina não deve se subordinar à crueza das leis econômicas. Deve ser regido pelas necessidades sociais de um povo em determinado momento histórico.”

“Para sentir o que se deve fazer por uma criança, basta acreditar no futuro. Nela estão todos os roteiros.”

“Não me perguntem o que tenho feito pela criança pobre da minha terra – e é quase tudo o que me é possível, – indaguem porque não faço mais. E eu vos responderei que realmente tenho feito pouco, dentro das perspectivas do que pretendo, e isso torna-se, para mim, um tormento diuturno. Ao perceber o abandono em que centenas ainda vivem, sinto que é preciso renovar, a cada instante, a doação de toda uma vida.”

“Não me rotulem, nem me classifiquem. Sou um homem arredio a todas as formas de qualificação. Digam que sou um visionário, na minha luta pela salvação da criança pobre da minha terra, e eu vos convidarei a percorrer comigo corredores de hospitais, sendas de mangues, orfanatos e presídios. Sei, que daí, então, passareis a caminhar ao meu lado, despertados pelo silêncio dos que nada mais reivindicam, porque já perderam quase a idéia da sua condição de ser humano.”

“Em minha vida, a medicina tem sido sempre inquietação na luta contra as desigualdades sociais. Ao lado do saber, infelizmente limitado, procuramos cultivar a esperança e com ela, o sonho, a esperança, a grande impulsionadora na busca de melhores caminhos para a nossa estrutura social tão injusta e o sonho, numa linguagem lírica, arquitetura dos nossos ideais.”

“Um médico tem profunda responsabilidade sobre a vida dos que o procuram. Quando esse médico é um professor, a responsabilidade torna-se maior. Há de pensar no sentido do título de profissional da medicina que entrega ao seu discípulo. O grau de médico, proclamado no instante solene da formatura. Deveria ser motivo para graves reflexões sem querer assumir posições estranhas, arriscaria dizer que nesse instante, não deveria haver festas; não é fato para risos fáceis, mas para sérios e difíceis pensamentos é dado, naquela hora, o direito de lidar através da ciência com a vida e a morte a quem quase sempre conhece pouco os complexos sistemas orgânicos do ser humano. A partir daquela data, o ex-aluno da escola médica passará a agir sozinho. Será ele e a sua consciência.”

“Há, no amor, o segredo da presença. Nem sempre a presença física, mas a sensação de sentir o outro em todo o nosso eu – carne e espírito. Há, pelo amor, a complementação da junção dos corpos, às vezes nela mesma e às vezes até no olhar, ou num gesto. Nisso, está o segredo o amor. É, talvez, o vínculo, invisível e paradoxalmente fugaz. É um instante fugidio de perenidade.”

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