Hepatites virais: Hepatologista do IMIP explica formas de transmissão dos tipos mais comuns

Hepatites virais: Hepatologista do IMIP explica formas de transmissão dos tipos mais comuns
Até 2030, a Organização Mundial da Saúde (OMS) traçou como meta que as hepatites virais deixem de ser um problema de saúde pública no mundo. Pensando nisso, o Ministério da Saúde criou o movimento nacional Julho Amarelo, campanha que conscientiza a sociedade sobre a prevenção, diagnóstico precoce e tratamento da doença. E, nesta quinta-feira (27), é comemorado o Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais.
As hepatites causam uma infecção no fígado, podendo gerar alterações leves, moderadas ou graves. Os tipos mais prevalentes em nosso meio são causados pelos vírus A, B e C.
“Na maioria das vezes, as hepatites virais são infecções que não apresentam sintomas. Quando sintomáticas, elas podem se apresentar de forma aguda ou crônica. A fase aguda caracteriza-se por sintomas inespecíficos como astenia (perda ou diminuição da força física), febre, mal-estar, vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados e urina escura. Já a fase crônica pode ser identificada na fase de cirrose”, alerta a coordenadora do serviço de Hepatologia do IMIP, Lilian Rose Maia.
A hepatite A, na maioria dos casos, é uma doença de caráter benigno, autolimitada. Raramente pode evoluir para insuficiência hepática. Não evolui para cronicidade e confere imunidade duradoura.
Ela é transmitida por ingestão de água e alimentos contaminados e a forma de prevenção é o acesso a saneamento básico, água tratada e medidas de higiene pessoal. Também é possível se prevenir com uso de vacina, que é disponível pelo SUS para as crianças e para alguns grupos específicos de adultos. Não há nenhum tratamento específico para hepatite A. O mais importante evitar a automedicação para alívio dos sintomas, vez que, o uso de medicamentos desnecessários ou que são tóxicos ao fígado podem piorar o quadro.
A hepatite B pode se apresentar de forma aguda ou crônica. Sua principal via de transmissão é por relação sexual desprotegida, por isso é considerada uma infecção sexualmente transmissível (IST). No entanto, também pode ser transmitida por outras vias, como da mãe para o filho, no momento do parto; por compartilhamento de objetos de higiene pessoal que possam ter contato com sangue (escova de dente, lâmina de barbear, alicate de unha); transfusão de sangue antes da década de 90; na confecção de tatuagem e colocação de piercings; e procedimentos odontológicos ou cirúrgicos que não atendam às normas de biossegurança.
“O SUS também disponibiliza vacina para prevenção da hepatite B para todas as faixas etárias. Já o tratamento específico, para controle do vírus, pode ser realizado gratuitamente nos serviços de referência do Sistema Único de Saúde”, destacou.
Já a hepatite C é uma doença silenciosa, que leva a hepatite crônica em 85% dos casos e pode evoluir para cirrose e câncer de fígado. Ainda não existe vacina para o problema, mas existe tratamento disponível pelo SUS, com medicamentos seguros e com taxa de sucesso de cura em torno de 98%.
“A principal forma de transmissão é por contato com sangue contaminado, a partir de compartilhamento de objetos perfuro-cortantes utilizados para o consumo de algumas drogas ou material de higiene pessoal, reutilização ou falha de esterilização de equipamentos médicos ou odontológicos; reutilização de material para realização de tatuagem; e transfusão de sangue realizada antes de 1993. Vale destacar que a transmissão sexual é pouco comum”, conclui a médica.