Pediatras do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP) visitaram mais uma vez o Território Indígena Yanomami, em Roraima, entre os dias 7 e 14 de outubro. Dessa vez, a viagem teve o objetivo de validar o Guia de Bolso para Manejo da Desnutrição Aguda Grave em crianças no contexto da Emergência em Saúde Pública Yanomami junto com os profissionais que atuam na assistência dessa população. 

O documento foi elaborado após o IMIP e a Organização Panamericana da Saúde (OPAS) firmarem acordo, em julho. “Produzimos esse protocolo com base nas recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde, mas o desafio é adaptar para a realidade dos profissionais no território indígena, que é diferente do que a gente aplica dentro de um hospital. A estrutura que eles dispõem dentro da comunidade indígena se assemelha a de um posto de saúde. É uma área de difícil acesso, não existe acesso nem fluvial e nem terrestre, só aéreo. Outra dificuldade é com relação à língua, já que a maioria da população Yanomami não fala português”, detalha a pediatra do IMIP Lúcia Helena, que participou da missão junto com as também pediatras do Instituto Carolina Brainer e Cecília Brito. 

Rodrigues fala sobre a viagem até a região. “Nossa ida foi para aplicar e testar o guia com os profissionais, para eles darem sugestão, tirarem dúvidas e a gente realizar os ajustes necessários no protocolo para que ele possa ser usado de forma adaptada à realidade de trabalho que eles têm”, aponta a médica. 

De acordo com a pediatra, os profissionais têm até 5 de novembro para enviar mais sugestões, caso percebam a necessidade de alterações. Após os ajustes feitos pela equipe do IMIP, a expectativa é publicar a versão definitiva do documento em dezembro. 

Segundo a especialista, o guia visa garantir tratamento para as crianças no próprio Território Yanomami. “O objetivo é ajudar os profissionais que não são pediatras, são enfermeiros, nutricionistas, técnicos de enfermagem, médicos generalistas a tratarem a desnutrição grave evitando ao máximo remover essas crianças para a capital, para um hospital. A ideia é buscar tratar a desnutrição no próprio território evitando a agressão cultural, pois é um deslocamento para um ambiente totalmente diferente do que elas estão acostumadas”, explica a médica. 

Suporte do IMIP teve início em fevereiro 

A colaboração do IMIP com a Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI) iniciou em fevereiro deste ano, a fim de apoiar no manejo da desnutrição infantil entre os povos indígenas da região. Desde julho, o IMIP e a Organização Panamericana da Saúde (OPAS) firmaram acordo para elaboração de um Guia de Bolso para Manejo da Desnutrição Aguda Grave em crianças no contexto da Emergência Yanomami.